O nome vem dos pequenos (petit) bagos de uva de amadurecimento tardio e, quase sempre, pouco uniformes. É comum encontrar cachos com o fruto, em sua maioria, já maduros e escuros, mas ‘pintados’ por alguns ainda verdes (verdot).
Quando a safra de Petit Verdot não é muito favorável, sua condição original acaba levando a uma seleção manual das melhores uvas. Para obter as mais maduras e ideais, portanto, é preciso ir de bago a bago, em cada cacho.
Sua formação de cachos é particularmente interessante. A partir de um broto da Petit Verdot, podemos ter mais de um cacho; algumas vezes mais de três. Em geral, para cada broto formado em uma videira, surge um cacho de uvas – uma regra aplicada a quase 100% das variedades.
Imagine, então, o trabalho que dá ainda em campo para conseguir os melhores resultados. É preciso ter muita dedicação e cuidado para assegurar todo o ciclo da produção, colheita e, no final, obter frutos de primeira qualidade.
Ou seja, um ótimo vinho de Petit Verdot não é lá algo fácil. Mais um motivo para apreciar a bebida, não é mesmo?
Curiosidades sobre a uva Petit Verdot
A origem da Petit Verdot é meio incerta, embora muita gente afirme que sua ligação com a região de Bordeaux é consistente, tendo sido uma das primeiras castas plantadas pelos romanos naquela área gaulesa.
O curioso é que o clima bordalês não é exatamente favorável, uma vez que o período de maturação dessa variedade é um dos mais longos. A Petit Verdot brota cedo e demora para chegar ao ponto considerado perfeito para colheita. Por isso, costuma ter boa adaptação nos lugares de clima um pouco mais quente e seco.
Por outro lado, seus frutos diminutos de casca grossa favorecem a adaptação a climas menos secos. Vai ver está aí o segredo do plantio da Petit Verdot em locais aparentemente não muito recomendados.
Existem propriedades como a do renomado enólogo italiano Andrea Franchetti, por exemplo, que cultivam a Petit Verdot nas encostas do vulcão Etna, na Sicília. A formação protege o vinhedo dos ventos quentes do Mediterrâneo; já a altitude, faz com que o clima, normalmente quente, fique mais agradável.
Características da Petit Verdot
E mais: a alta proporção de componentes sólidos, ou seja, casca e sementes, em relação ao sumo da uva, favorece a concentração de flavonoides como as antocianinas, além de grande carga de taninos e acidez.
O nome “pequeno verde” não impede essa uva de conferir cor e estrutura ao vinho de corte, proporcionando mais potência e força à bebida. Na prática, agregar a Petit Verdot faz com que o vinho fique mais encorpado.
É, portanto, ótima para preparos que misturam diversas variedades de uvas. Na França, por exemplo, é muito utilizada por produtores como Château Margaux e Château Latour.
Sozinha, a Petit Verdot, via de regra, resulta em bebidas ácidas e com taninos muito marcantes. Por essas características, a uva acaba sendo pouco aproveitada em vinho varietal, isto é, com ela apenas.
Contudo, produtores da Austrália, Califórnia, Argentina e Chile estão dando uma outra chance à uva em varietal, e conseguindo bons vinhos.
É justamente por causa do problema dessa variedade – que eu contei lá no começo do post – em relação ao desenvolvimento de seus frutos no clima de Bordeaux, que a uva atualmente não é muito cultivada naquela localidade.
O amadurecimento atrasado fez com que a Petit Verdot recebesse mais atenção em países com climas quentes, dando origem a um novo vinho que tem surpreendido especialistas e críticos. É o caso do que fabricado na Sicília, Itália, região cujas temperaturas são bem mais altas.
Pelo visto, há muito o que experimentar e descobrir sobre essa espécie de uva desconhecida (pelo menos para a maioria) e com presença marcante.
E você, já tomou vinho com a Petit Verdot?
Até a próxima!
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