A uva Carménère é uma das estrelas dos vinhos chilenos. E aqui mesmo no Brasil temos excelentes exemplares da bebida a preços atrativos. Por isso, hoje eu trago dicas, curiosidades e outras informações para você tirar melhor proveito dela. Vamos lá!
O fato é que o clima do Chile é muito mais propício à produção dessa uva, quando comparado ao de Bordeuax, por exemplo, pois ela requer um período bastante longo para amadurecer. Não é à toa que, atualmente, o melhor Carménère vem do solo chileno.
Mas a própria região de Bordeaux e, ainda, os estados americanos da Califórnia e de Washington também ganham destaque nesse sentido. Sem falar nas regiões italianas de Vêneto e Friuli-Venezia Giulia.
Uva Carménère e suas características
Os vinhos à base de Carménère apresentam cor escura e profunda: vermelha (rubi), com bordas sangue até violeta. Dependendo da forma de maturação, seu tom ganha intensidades diferentes.
Seus aromas lembram os das ameixas e frutas vermelhas maduras, além de azeitonas, pimentões, ervas, alcaçuz, pimentas e especiarias. Se passam pelo amadurecimento em carvalho, ganham toques de chocolate, charuto ou tostado.
É um vinho de corpo leve a médio. Geralmente, apresenta persistência que varia de pouca a média, com algumas exceções.
Na boca, a bebida produzida com uva Carménère oferece taninos mais “tranquilos”, quando comparados aos da Malbec ou Cabernet Sauvignon. No entanto, ela não chega a ser tão delicada quanto uma Pinot Noir ou Merlot.
Harmonização da uva Carménère
Se você tem dúvida de como apreciar melhor um Carménère, a sugestão é apostar nos defumados ou grelhados picantes.
A bebida cai muito bem com pratos generosamente temperados com cebola, alho ou pimenta. E é também uma boa dica de acompanhamento para tomates frescos ou secos.
A harmonização pode ser feita com carnes vermelhas sem muita gordura, queijos maduros, peixes gordos (Dourado, entre outros), lasanha à bolonhesa ou cordeiro assado, sendo este último muito famoso no Chile.
Curiosidades sobre a uva Carménère
Este símbolo da viticultura chilena pertence a uma casta que, originalmente, vem de Bordeaux, na França. É uma cepa muito próxima da também bordalesa Merlot.
Diz-se que a Carménère foi dizimada por uma praga chamada Filoxera no século XIX. Com isso, teve suas folhas e raízes prejudicadas, além de seiva sugada.
A Carménère sucumbiu à Filoxera. Seus replantios não vingaram, fazendo com que fosse praticamente exterminada de suas terras de origem.
O resultado foi que, após a reconstituição das videiras, a Carménère acabou sendo trocada por outras espécies menos sensíveis, como a Merlot. E sumiu por muitos anos, até ser encontrada no Chile em 1994 pelo enólogo francês Jean-Michel Boursiquot.
Sua sobrevivência é atribuída à proteção natural que a localização chilena oferece, ou seja, o deserto do Atacama ao norte, Patagônia ao sul; a leste, cordilheira do Andes; e oceano Pacífico a oeste.
Entretanto, acredita-se que o Chile teria recebido várias mudas de Carménère pré-Filoxera – que, diga-se, apresentam muita semelhança com a Merlot, levando a certa confusão entre as cepas durante um bom tempo.
Havia muita Carménère nas plantações de Merlot. A distinção passou despercebida por muita gente até a década passada, quando técnicos franceses visitaram as vinhas chilenas e notaram diferenças nas videiras.
Depois de testes comprovando a autenticidade das amostras de Carménère, foi constatado seu renascimento. A partir de então, as plantações das duas castas passaram a ser feitas em vinhedos separados.
A uva Carménère revelou seu grande potencial em terras chilenas, que nunca foram afetadas pela Filoxera.
Hoje, junto com a Cabernet Sauvignon, é uma das uvas mais representativas daquele país, com seus aromas herbáceos e vegetais, paladar com toque de especiarias, entre outras características marcantes.
A produção da uva Carménère está concentrada quase que toda no Chile, embora já tenha boa presença nos Estados Unidos e no Brasil, que começa a oferecer bons vinhos com esta cepa.
Espero que este post sobre a uva Carménère possa ajudar você a descobrir as possibilidades de degustação de uma bebida que é ícone do Chile e reconhecida no mundo inteiro.
Até a próxima!
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